O Viveiro de Mudas foi implantado em 1994 através de um Programa de Reflorestamento desenvolvido pela Associação APAEB, por meio do qual eram distribuídas mudas para associações comunitárias e sindicatos. Com a segregação das atividades da Associação, o espaço passou, em 2008, a ser gerido pela Fundação APAEB. “O Caatingueiro” como foi batizado o Viveiro de Mudas, tem o objetivo de facilitar práticas agroecológicas e de convivência com o semiárido através da produção e distribuição de mudas nativas e adaptadas ao semiárido, para viabilizar o processo de recomposição da caatinga (recaatingamento), formação de banco de proteínas para alimentação animal e de frutíferas para consumo humano, favorecendo a segurança alimentar.
Mesmo com uma estrutura simples, o Viveiro de Mudas manteve um ritmo de produção que garantiu a distribuição média de 5 mil mudas por ano nos últimos cinco anos. “A demanda por mudas sempre foi alta. Diariamente recebemos pessoas em busca de mudas e essa demanda aumenta ainda mais quando a chuva chega na região. No entanto, haviam períodos em que a demanda era maior que a capacidade produtiva e a estrutura era insuficientes para atender”, registrou Eulânia Lima, gestora administrativa da Fundação APAEB.
Através do Programa Bahia Produtiva, a Fundação Apaeb assinou dois convênios com a Companhia de Ação Regional (CAR). No primeiro, os recursos foram destinados para construção de estufa, serviços de terraplanagem; construção de uma cisterna com capacidade de 240 mil litros; de uma casa de produção e implantação de sistema de irrigação.
O segundo convênio contempla um projeto de custeio que beneficia 150 famílias dos municípios de Valente, Retirolândia e Conceição do Coité com assessorias para elaboração de planos de investimentos socioambientais. Entre as ações deste convênio está a distribuição de mudas nativas, que tem entre seus objetivos a recomposição da Caatinga (recaatingamento), como forma de promover a conscientização sobre práticas que possibilitem a redução de emissão de gases de efeito estufa e o sequestro de carbono, através de práticas mais sustentáveis.
Essas mudas deverão recompor as áreas verdes nas propriedades, de preferência na Reserva Legal, que é um instrumento ambiental obrigatório previsto no Código Florestal brasileiro (Lei 12.651/2012), que prevê a manutenção de uma área de 20% de vegetação nativa com o objetivo de conservação da flora e fauna.
A Caatinga tem papel importante no sequestro de carbono, tanto que em estudo publicado no ano de 2020 por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – URFN, foram quantificados números próximos de 3 toneladas de dióxido de carbono (CO2) sequestrados por hectare de Caatinga. Esse processo se dá através da fotossíntese das plantas.
As duas iniciativas constituem o Projeto Piloto Socioambiental “O Caatingueiro” Viveiro de Mudas. “Nosso objetivo é ter uma estrutura que consiga qualificar o trabalho de produção e distribuição de mudas e ainda fortalecer as práticas sustentáveis na produção agropecuária no Território do Sisal, na perspectiva da melhoria da qualidade de vida das famílias agricultoras beneficiárias e do equilíbrio ambiental de suas propriedades”, justificou o diretor geral da Fundação Apaeb, Macerval Araujo.