Pesquisa revela potencialidades das Famílias que produzem alimentos agroecológicos no Semiárido Brasileiro

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Falar em oferta de comida sem agrotóxicos que gera renda para a agricultura familiar somada à convivência com o Semiárido e à adaptação às mudanças climáticas pode parecer uma utopia. No entanto, os estudos de mercados territoriais que a Rede Ater Nordeste de Agroecologia realizou durante o projeto Agroecologia e Territórios de Saberes mostraram que é possível reinventar o mercado tradicional e se opor ao avanço das grandes corporações alimentícias.

Durante a I Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária, em Natal – RN, a Rede ATER NE realizou o seminário “Reinvenção dos mercados – alimento saudável da agricultura familiar no semiárido” para mostrar dados qualitativos e quantitativos de como famílias fizeram sua transição agroecológica ao mesmo tempo que acessaram políticas públicas para a agricultura familiar, o que tornou possível hoje, ter um agroecossistema autônomo e de baixo custo.

Giovanne Xenofonte, da Organização Caatinga, apresentou os resultados da pesquisa. De acordo com ele, o custo com os agroecossistemas familiares fica em torno de 13%, que é uma porcentagem baixa comparada a outros tipos de produções.

A família do jovem agricultor Guilherme Delmonte, da comunidade Lagoa Comprida, em Ouricuri-PE, participou do estudo com o agroecossistema de 71 hectares. O jovem relata como esse processo foi revelador para sua família, pois proporcionou autoconhecimento. “O quintal foi o marco zero do agroecossistema. A partir dele, fomos aprendendo e expandindo”, lembra.

Guilherme ressaltou ainda a importância da biodiversidade dentro do agroecossistema para garantir a convivência com o Semiárido.

Por outro lado, os estudos demonstraram que houve pouco avanço no aspecto da divisão justa do trabalho entre as famílias participantes.

De acordo com Giovanne, apesar disso, foi possível conquistar algumas mudanças no decorrer do projeto. Durante o encontro, a agricultora familiar Vanusa Vieira, de Caraúbas-RN, compartilhou que seu marido se engajou mais nas atividades após a aplicação do estudo. “É bom deixarmos a responsabilidade também para os nossos maridos, não é só as mulheres que tem que fazer. Na minha família, o maior trabalho ainda é o meu”, conta Vanusa.

O aumento da renda familiar após a participação da Feira Agroecológica de Caraúbas foi um aspecto percebido por dona Vanusa com o estudo. Para ela, a agricultura familiar de base agroecológica não é um negócio, mas um espaço de relações e solidariedade. “Eu me sinto muito feliz quando chega o dia da feira. Meus clientes são como família. Tem que levar alegria e ter companheirismo. Não é só vender, colocar na sacola os produtos e entregar”, defende a agricultura.

Hardi oficial de projetos do Fida, fala que assistência técnica de qualidade e continua, é fundamental para as mudanças e transição agroecológica. O compromisso das instituições da Rede Ater com a agricultura família garante impactos com evidência. Fortalecer a rede e suas metodologias é importante para a caminhada de fortalecimento da agricultura familiar agroecológica.

Maria Cristina Aureliano, coordenadora técnico-pedagógica do Centro Sabiá, que acompanhou o estudo sistematizado pelo método Lume, expressou gratidão ao Fida pelo apoio ao projeto Agroecologia e Território de Saberes da Rede Ater NE, que trouxe frutos bastante significativos para dar continuidade a seu processo formativo, de construção coletiva de metodologias de Ater e para manter a rede conectada e animada neste período de pandemia.

Saiba mais: https://bit.ly/resultados-dos-estudos-rede-ater-ne

Texto: Aline Moura/Esplar e Lana Fernandes/Caatinga

Revisão e Edição: Simone Benevides/Patac

Foto: Thamires Lima/Diaconia